1) O que é a revisão de 88,3% do FGTS?
Durante
o período de 1999 a 2013, foi identificado que a correção monetária
aplicada ao FGTS estava muito baixa. Os índices da TR (Taxa Referencial,
índice adotado para corrigir o FGTS) estavam irrisórios, em valores
inferiores ao índice da inflação (a exemplo do INPC, “termômetro” que é
usado para corrigir salários dos trabalhadores).
Perdas significativas foram identificadas, por exemplo, nos anos de
2009 e 2010, quando vários meses vinham com a TR em 0,00%. Ao invés de
usar a TR para fazer a correção monetária do FGTS, a revisão judicial
pede que seja adotado outro índice: o INPC ou o IPCA.
2) O que é a Taxa Referencial (TR) ?
Criada pelo Plano Collor 2 (Lei 8.177/91),
é um índice econômico ou uma referência usada para fazer a correção do
FGTS, mas também serve para atualizar a poupança e os financiamentos
habitacionais da Caixa Econômica Federal. A taxa é calculada pelo Banco
Central, por meio do cálculo dos juros médios pagos pelos CDB’s
(Certificados de Depósito Bancário) e RDB’s (Recibos de Depósito
Bancário) usando como referência os 30 maiores bancos do país. A TR
passou a corrigir o FGTS a partir de 1991, mas depois de 1999 iniciaram
as maiores perdas.
3) Qual a documentação necessária para dar entrada na ação?
Extrato
analítico do FGTS durante o período de 1999 a 2013, cálculo dos valores
a serem recebidos, comprovante de residência atualizado e CPF/RG.
4) Quem se enquadra nessa revisão?
Tem direito todo brasileiro (ou trabalhador estrangeiro que tenha depósito de FGTS) que trabalhou sob o regime da CLT(trabalhadores urbanos, rurais, temporários, avulsos, safristas
e atletas profissionais) e tenha tido algum saldo de FGTS de 1999 a
2013, esteja ou não aposentado, tenha sacado ou não o valor.
5) A reclamação é feita contra o patrão?
Não. A ação é proposta contra a Caixa Econômica Federal, gestora do FGTS, em processo ajuizado na Justiça Federal.
6) Minha cidade não tem Justiça Federal. O que faço?
Você
deve verificar se a cidade onde você mora está abrangida por alguma
comarca vizinha da Justiça Federal. Havendo, ela será a competente para
processar e julgar a ação. Não havendo Justiça Federal na circunscrição
da comarca, a ação poderá ser proposta na Justiça Estadual da sua cidade
ou mesmo na Justiça Federal da cidade mais próxima.
7) Por que há desencontro de informação na CEF para obter os extratos?
Infelizmente,
o serviço público prestado pelo banco tem gerado muito desencontro de
informação. Algumas agências orientam que a pessoa obtenha o extrato
pelo site da CEF (www.cef.gov.br),
mas só é permitido para quem tem o cadastro e a senha do cartão
cidadão. Mesmo assim, registra-se caso de o sítio está lento ou
travando, o que obriga o retorno do trabalhador para conseguir o
documento na agência bancária.
8) Demora ou recusa em fornecer o extrato analítico pode acionar o Banco Central?
Se
o trabalhador não conseguir obter o extrato pela internet, a agência,
em último caso, tem que fornecer o extrato analítico. O trabalhador pode
anotar o nome do funcionário do banco que se recusa a entregar o
documento e, assim, fazer reclamação na Ouvidoria do Banco Central.
9) O STF deu decisão que ajuda na revisão do FGTS?
Não
há certeza de que os trabalhadores, com depósitos no FGTS, terão ganho
de causa, mas existe uma decisão importante do STF criticando que o
índice da TR é muito baixo para corrigir, por exemplo, os pagamentos
feitos pela Justiça por meio de precatório. Com base nessa decisão do
caso do precatório, utiliza-se para ajudar a revisão do FGTS. Essa
decisão foi tomada pelo Supremo em dois processos chamados de ADI’s
(Ações Diretas de Inconstitucionalidade) n.º 4.425 e 4.357, nos quais
entendeu-se que a correção monetária pela TR fere a Constituição Federal.
10) Tem associação sugerindo que o trabalhador vai ganhar R$ 80 mil de retroativo?
Existem
algumas associações de representação dos trabalhadores que possuem a
idoneidade questionada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Já diz o
ditado: “Se a esmola é grande, o cego desconfia”. O valor que se busca
na Justiça vai depender do histórico de salários do trabalhador e da
duração do contrato de trabalho no período de 1999 a 2013.
11) É importante fazer cálculo antes de dar entrada?
Sim.
É importante ter noção dos valores para saber se vale a pena entrar com
ação e para definir se a ação será resolvida nos Juizados ou não. Até
60 salários mínimos (R$ 43.440,00), os processos são resolvidos nos
Juizados Especiais Federais, onde não se cobra custas iniciais para
ajuizar a ação. Acima disso, será na Justiça Federal, onde se paga
custas para distribuir a ação.
12) O trabalhador pode pagar custas ou honorários advocatícios de sucumbência?
É
importante deixar claro que todo processo judicial exige em regra
pagamento de custas e também o risco de a parte perdedora pagar
honorários ao advogado da outra parte, o que é chamado de honorários de
sucumbência.
13) Existe alguma forma de ser dispensado de pagar as custas do processo?
O
trabalhador pode assinar uma declaração de pobreza, que evita de pagar
as custas e despesas com recursos, casos os juízes julguem improcedente a
ação.Muitos juízes possuem flexibilidade em dar a justiça gratuita,
mesmo a pessoa sendo de classe média ou alta. Mas, se ele indeferir o
benefício de pobreza e ação não estiver tramitando nos Juizados
Federais, é preciso pagar inicialmente as custas. Cada estado pratica
valores diferenciados conforme as tabelas anuais emitidas pelos
tribunais de cada região do país.
14) O trabalhador pode da entrada na ação sem advogado no Juizado?
Pode.
Os Juizados Federais, por exemplo, admitem que a pessoa dê entrada na
ação sem assistência de advogado nas causas inferiores a 20 salários
mínimos.Todavia, como a questão da revisão do FGTS é complexa e envolve
uma discussão que certamente vai ser resolvida na última instância do
Judiciário, é importante ter a assistência de um advogado. Caso
contrário, corre-se o risco de o trabalhador se “perder” no meio do
caminho e, de fato, não ganhar a causa.
15) Com quanto tempo conclui essa ação?
As
ações contra banco no país são muito demorada. E nesse caso da revisão
do FGTS provavelmente vai ser resolvido pelo Supremo Tribunal Federal, o
que demandará anos de discussão jurídica.
16) Até quando posso dar entrada na ação?
A
jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que as prestações
relativas ao FGTS são obrigações de trato sucessivo, razão pela qual a
prescrição renova-se e incide mensalmente sobre cada uma das parcelas. A
prescrição do FGTS nesse caso é de 30 anos. Como o erro foi observado a
partir de 1999, o trabalhador tem até 2029 para dar entrada na ação.
17) Vale a pena esperar para dar entrada depois?
Quem
entra com a ação agora tem a vantagem de já obter os juros e correção
monetária decorrente da demora do processo, o que pode garantir um
retroativo maior se for comparar com aqueles que forem dar entrada
depois. Além disso, caso sobrevenha o falecimento do trabalhador, fica
mais fácil os herdeiros se habilitarem no processo, bem como existe a
vantagem de ocorrer algum percalço no processo que venha a beneficiar o
trabalhador.
18)
O meu FGTS só pude receber por meio da Justiça do Trabalho, já que o
meu patrão não fez os depósitos na conta vinculada. Esse valor pode ser
reclamado?
Pode
desde que tenha discriminação dessas verbas em sentença trabalhista ou
mediante homologação do juiz em acordo entre as partes.
19) Eu posso ter várias contas vinculadas mesmo tendo apenas um patrão?
Pode. Inconsistência de cadastro, duplicidade de PIS ou
mudança de CNPJ do empregador são um dos motivos que justificam o
trabalhador ter mais de um conta vinculada, embora só tenha um contrato
de trabalho. É importante obter os extratos analíticos de todas as
contas, para não deixar nenhuma de fora.
20) Vale a pena ajuizar ação individual ou coletiva?
Cada
uma tem sua vantagem. A ação individual não depende de outras pessoas e
fica mais fácil de ser julgada com rapidez e se receber o crédito mais
rápido. Já uma ação coletiva de sindicato tem mais força de representatividade,
todavia, esses processos dão mais trabalho de ser movimentado pela
Justiça. Uma questão com mil trabalhadores, por exemplo, fica mais
difícil de o juiz ou o contador analisar documentos, bem como fica mais
problemático quando ocorre falecimento de um trabalhador e habilitação
dos seus herdeiros, o que faz o processo andar mais devagar.
Fonte:Advocacia Descomplicada
Nenhum comentário:
Postar um comentário